Recentemente, o universo da tecnologia foi sacudido com a saída de Adam Selipsky do comando da AWS, a divisão de computação em nuvem da Amazon. Para a surpresa de muitos, quem assumiu o seu lugar foi Matt Garman, um veterano da empresa que começou como estagiário em 2005. Com um conhecimento profundo dos primeiros produtos da AWS, Garman não é apenas um CEO, mas um verdadeiro insider do setor. Como vice-presidente sênior de vendas e marketing da AWS, ele trás uma abordagem voltada para o futuro e uma visão clara sobre o que precisa ser feito.
Uma das prioridades de Garman é voltar o olhar novamente para as startups, um dos principais motores da inovação no ecossistema tecnológico. “Nosso início foi focado em como atrair desenvolvedores e startups. Não podemos perder essa essência!”, disse ele em uma recente entrevista. Embora tenha notado que a AWS começou a se expandir em direção a grandes empresas e setores regulados, Garman acredita que é crucial reequilibrar essa atenção e continuar a nutrir o florescimento de startups e desenvolvedores.
Além disso, a velocidade das mudanças no setor é um tema que Garman enfatiza fortemente. “Devemos manter nosso compromisso com a inovação e não deixar que nossa liderança nos deixe confortáveis”, comentou. A AWS traz consigo um conjunto abrangente de serviços, e Garman acredita que a confiança dos clientes está atrelada à sua capacidade de inovar constantemente.
Quando indagado se a empresa poderia ter acelerado mais suas inovações, ele rejeita essa ideia, defendendo que o ritmo da inovação está destinado a aumentar constantemente, e que a AWS deve acompanhar essa velocidade.
Com a ascensão da IA generativa, Garman reconhece que a AWS precisa estar na linha de frente dessa tecnologia disruptiva. Apesar de críticas de que a AWS poderia ter se atrasado em lançar sua própria gama de ferramentas de IA generativa, Garman argumenta que a empresa sempre teve uma base sólida com serviços como o SageMaker, bem antes de IA generativa se tornar uma tendência. A abordagem da AWS tem sido estratégica, avaliando como essa tecnologia pode ser integrada de forma eficaz aos negócios de seus clientes.
“Após o lançamento do ChatGPT, ficou evidente que havia um potencial não explorado para a aplicação da IA. Ao invés de correr apenas para lançar chatbots, a equipe da AWS se concentrou em criar uma plataforma robusta que permitisse aos usuários incorporar flexibilidade em suas aplicações”, explicou ele sobre o desenvolvimento da Bedrock, uma plataforma que fornece acesso a modelos abertos e proprietários para atendimento às necessidades específicas de seus clientes.
Um dos grandes desafios que a AWS ainda enfrenta no cenário da IA generativa é tornar esses serviços mais acessíveis em questão de custo. Garman está otimista sobre a chegada dos novos chips Trainium, que prometem reduzir significativamente esses custos e entregar um valor real aos clientes.
Na última conferência re:Invent, a AWS apresentou o Q, um assistente generativo de IA que se destaca em dois formatos: Q Developer e Q Business. O Q Developer é uma ferramenta essencial para desenvolvedores, oferecendo recursos como autocompletar código e modernização de aplicativos Java legados. “Nosso foco é ajudar o desenvolvedor em toda a sua jornada, aliviando as cargas que tornam seu trabalho mais difícil”, enfatizou Garman.
A eficácia do Q Developer já foi demonstrada na Amazon, onde as equipes utilizaram essa ferramenta para atualizar milhares de aplicativos, gerando uma economia impressionante de US$ 260 milhões.
Por outro lado, o Q Business utiliza a tecnologia por trás do Q para criar um sistema de perguntas e respostas que agrega dados de diversas fontes, facilitando a vida das empresas. “Estamos realmente vendo resultados positivos nessa área”, disse Garman, ressaltando o potencial do produto.
Mesmo com a vontade de manter as coisas como estão, Garman não hesitou em mencionar que a AWS anunciou o encerramento de alguns serviços menos eficientes. “Às vezes, é necessário limpar a casa e direcionar os esforços para serviços que realmente agregam valor”, explicou ele, lembrando que nem todos os produtos têm a tração esperada. A AWS acredita em um foco claro: apoiar os clientes a longo prazo, construindo soluções que realmente funcionem.
Historicamente, a relação da AWS com o código aberto sempre foi um pouco conturbada, mas isso está mudando. Garman anunciou que a empresa decidiu trazer seu código OpenSearch para a Linux Foundation, sinalizando uma nova era de colaboração. “Amamos o código aberto. Nós nos inclinamos para isso e procuramos ser contribuintes ativos na comunidade”, afirmou, sublinhando a adoção de práticas que beneficiem todos os envolvidos.
Ao mostrar abertura para colaborar e contribuir com projetos de código aberto, Garman espera fortalecer a posição da AWS e resolver atritos passados, focando em construir um futuro mais colaborativo e promissor.